A Arte de Fazer Perguntas Poderosas na Auditoria: Muito Além de um Checklist
Publicado em 19/05/2025
| Por Eduardo Maia
Auditar não é cara crachá, riscar item de check list e sair distribuindo não conformidade como se fosse brinde de loja, né? Na real, quem ainda acha que auditoria é só isso... tá ficando pra trás, meu amigo.

Hoje, quero trocar uma ideia sobre um superpoder que todo auditor deveria dominar — e que, quando
bem usado, transforma completamente o jogo: a habilidade de fazer perguntas poderosas.
A pergunta certa muda tudo.
Já reparou que uma boa pergunta é capaz de parar uma reunião? De fazer alguém repensar uma prática
inteira? Pois é. A pergunta certa, na hora certa, não só revela o que está escondido… como inspira
reflexão, mudança e até inovação.
Enquanto um auditor mediano pergunta:
"Você tem esse procedimento documentado?"
O auditor que joga no modo sênior manda:
"Como esse procedimento ajuda sua equipe a tomar decisões melhores no dia a dia?"
Pegou a visão? Uma foca no papel. A outra na prática, na cultura, no valor agregado. E é aí que a
mágica acontece.
Checklists não enxergam pessoas. Auditores humanizados sim.
Tem muito auditor por aí que acha que basta seguir o script, cara crachá com a norma e pronto.
Mas deixa eu te falar uma coisa que aprendi nesses alguns anos atuando como consultor e auditor:
nenhuma ISO vai te ensinar a lidar com gente, com emoção, com resistência, com aquele
colaborador que te responde com um “sempre foi assim” e fecha a cara, com aquele colaborador que
está sob pressão pelo superior e tem tanto medo de responder errado que passa mal durante a
auditoria, com aquele colaborador que enxerga a auditoria como punitiva ainda (trauma de auditorias
passadas).
É nessas horas que a pergunta poderosa entra como ponte, não como martelo.
Exemplos práticos:
Em vez de: "Esse indicador está sendo monitorado?"
Que tal: "O que esse indicador te mostra sobre o que realmente importa aqui dentro?"
Em vez de: "Você executa treinamentos?"
Que tal: "Como os treinamentos estão conectados com os desafios reais que sua equipe enfrenta?"
Perguntar bem é ouvir melhor.
Tem uma parada interessante: quem pergunta bem, escuta melhor.
E não é só escutar com o ouvido não. É com o olho, com o corpo, com o faro de auditor experiente.
Uma auditoria bem sucedida, é em sua maior parte baseada em relacionamento, na forma como você trata
o auditado e com isso recebe o que você precisa para realizar o seu trabalho.
Quando você faz perguntas abertas, curiosas, com empatia e sem julgamento, você cria um espaço onde
o auditado se sente seguro pra falar a real. E aí você descobre o que está por trás do
comportamento, do processo, do número. Descobre a empresa de verdade, não só o que está no manual.
Auditor que inspira > Auditor que impõe.
Não me leve a mal: a gente tá aqui pra avaliar, sim. Mas também pra gerar valor, provocar reflexão,
plantar semente de melhoria.
Uma auditoria humanizada é focada em agregar valor para o processo e é isso que as empresas que
entendem o propósito da auditoria procuram também, querem saber aonde estão os seus Gaps para então
corrigir e melhorar seus processos.
Perguntas poderosas são ferramentas de transformação.
Elas iluminam zonas cegas, revelam incoerências, mas também reconhecem boas práticas e abrem
caminhos.
No fim das contas, a melhor auditoria é aquela que o cliente termina dizendo:
“Caramba... nunca tinha pensado nisso!”
Dica final pra você levar pra vida (e pra próxima auditoria):
Antes de soltar uma pergunta, se pergunte:
"Essa pergunta vai me ajudar a cumprir um requisito ou vai ajudar essa empresa a evoluir?"
Se puder ser as duas coisas — show! Mas se tiver que escolher, vá pelo caminho que gera mais
aprendizado.
Você não é só um auditor. Você é um agente de mudança.
Pense fora da caixa e seja um auditor diferenciado!